quarta-feira, 21 de maio de 2014

A Ética na Psicoterapia



Psicoterapia, espaço no qual o paciente vai, em busca de recursos para lidar com as dificuldades que ele identifica em sua vida. Psicoterapia, lugar de reflexão!



Há diversas  bases teóricas sobre  ética e  psicoterapia , sendo assim ,  recorramos  à resolução do conselho , com objetivo de conhecer o significado da psicoterapia e da ética na visão do CFP-Conselho Federal de psicologia, para uma prática profissional ética sem dupla interpretação. A Resolução N.º 010/2000 do Conselho Federal de Psicologia, especifica e qualifica a psicoterapia,


Art. 1º – A Psicoterapia é prática do psicólogo por se constituir, técnica e conceitualmente, um processo científico de compreensão, análise e intervenção que se realiza através da aplicação sistematizada e controlada de métodos e técnicas psicológicas reconhecidas pela ciência, pela prática e pela ética profissional,    promovendo a saúde mental e propiciando condições para o enfrentamento de conflitos e/ou transtornos psíquicos de indivíduos ou grupos.



Logo, ao conhecer o  significado da psicoterapia, somos conduzidos à reflexão acerca de sua prática e suas  questões éticas. A prática profissional  envolve diversas questões éticas que, se observada a partir de um olhar comprometido com o exercício da profissão, percebe-se um campo fértil para aplicação de conceitos e influencias com base em ideias preconcebidas, inclusive,  imposições, já que o terapeuta, diversas vezes, realiza atendimentos à pessoas em situação de vulnerabilidade , que já perderam quase todo   poder de decisão,  por isso estão ali , buscando reconquistar ou, construir  sua autonomia e, buscando encontrar saída para seus conflitos. Portanto, é ético acolher a demanda do cliente sem julgamento e imposições de ordens morais, religiosas, ideológicas, respeitando as diversidades da vida.  

Para exercer a profissão de terapeuta, com qualidade e respeito, deve, sobretudo, atender e preservar os direitos do paciente - com técnica, capacidade emocional e postura ética. Sobre esses cuidados éticos diz CALLIGARIS (2004),  

“Você pode ser religioso, acreditar em Deus, numa revelação e mesmo numa Ordem do mundo. No entanto, se essa fé comportar para você uma noção do bem e do mal que lhe permite saber de antemão quais condutas humanas são louváveis e quais são condenáveis, por favor, abstenha-se: seu trabalho de psicoterapeuta será desastroso além de passível de processo ético”.

É pertinente refletirmos sobre a aplicação da ética na esfera clinica: o que seria do paciente que, no ambiente clinico expõe  conflitos, intimidades e comportamentos ditos estranhos para um psicoterapeuta pouco sigiloso? Certamente, desastroso e constrangedor! Sobre o assunto, diz o “Art.9 do código de ética: 

“É dever do psicólogo, respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confiabilidade, a intimidade das pessoas, grupos, ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional”. 

 Sendo assim, percebo o quanto a psicoterapia demanda cuidados, aliás, por se tratar também de uma entrevista, devo enquanto terapeuta, pensar sobre  perguntas que me dirijo ao  paciente:  

  • A pergunta é pertinente? 
  • Qual a intenção ao formular determinada pergunta e,   
  • Que atitude tomar a partir da resposta? 
  • Estou aplicando uma técnica da psicoterapia , ou simplesmente não estou controlando minhas curiosidades?
Então, o sigilo profissional é um aspecto digno de constantes reflexões!

O que dizer do contrato estabelecido?
Ajudar meu paciente em seus conflitos, criando-lhe outros problemas devido aos serviços prestados sem a mínima qualidade, por exemplo, horários de atendimentos indefinidos, valores de honorários e formas de pagamentos não acordados adequadamente;  Enfim, todas essas questões também pertencem ao campo da ética, pois podem se tornar razões que configurem mais conflitos  ao paciente. Portanto, sobre esse assunto, está disposto no art 1º sobre as responsabilidades do psicólogo: 

“Estabelecer acordos de prestação de serviços que respeitem os direitos do usuário ou beneficiário de serviços de Psicologia”.



A prática da psicoterapia é uma boa oportunidade de exercício da profissão de psicólogo com o objetivo de fazer o paciente acreditar em suas potencialidades; fazê-lo crer que há nele, a capacidade de mudar seus rumos e, conquistar uma qualidade de vida  melhor. Portanto, para que os resultados sejam alcançados, torna-se dever do psicólogo ter e manter sua credibilidade, respeitando os direitos, os deveres, a autonomia, vontades e capacidades de seus clientes.


REFERENCIAS:


CALLIGARIS, Contardo, Cartas a um jovem terapeuta: reflexões para psicoterapeutas, aspirantes e curiosos, Rio de Janeiro: Elsevier, 2004


CFP. Resolução CFP Nº 010/2000 In.: _____ Profissão Psicólogo: Legislações e Resoluções para a prática profissional. Nº 02, 2007 – Acesso  em 20 de Maio 2014.