sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

A SUCESSÃO E O SUCESSOR DO PASTOR


PRECISAMOS FALAR SOBRE ISSO!

Moscou 2013, mundial de atletismo - O Brasil não conseguiu medalha na prova feminina do revezamento 4x100m.  As brasileiras faziam uma excelente prova até a passagem de bastão de Franciela para Vanda, a última troca que fecharia o revezamento. As duas não se entenderam e o bastão caiu no chão. Com isso, a atleta parou de correr e a equipe não encerrou a prova.  Em entrevista, a atleta Vanda Gomes reclamou dizendo: não treinamos o suficiente, priorizamos outras coisas,  deixando de treinar!

Chegará o dia que o bastão da liderança deverá ser passado ou, quem sabe jogado, ou até mesmo deixado - vai depender do treinamento, do entrosamento, da visão de grupo e, estilo de liderança para que o bastão seja entregue, jogado ou deixado.  

Há muitos seguidores, mas a sensação é não haver sucessores!

Moisés teve um Josué, Asa teve um Josafá, Eliseu  um Elias e,  Paulo teve um Timóteo ; estes líderes compreendiam  que nenhum líder, por mais habilidoso e bem sucedido que seja, será permanente. Foi pensando na sucessão que Deus chamou Moisés e Josué  para uma conversa na tenda do encontro. Paulo, a partir de suas convicções não hesitou em afirmar, em uma carta a seu possível sucessor, que na corrida ministerial havia feito o melhor, porém a carreira chegou ao fim.
Durante seu ministério, Jesus teve a atitude de formar um grupo de homens que receberam a qualificação de discípulos, essa atitude nos permite refletir no futuro e na sobrevivência daqueles que ficam. Se não falarmos sobre sucessão, podemos trazer um caos para àqueles que deverão dar sequências.  Qualquer liderança deixa de ser bem sucedida quando não deixa bons sucessores!

A sucessão sempre foi um grande desafio, porém indispensável!

Conta-se que um gerente, ao sair de férias, ficou preocupado de, durante sua ausência, as pessoas não sentirem falta dele. Seu superior disse: “tomara que ninguém sinta a sua falta e que todo o trabalho flua sem que ninguém perceba a sua ausência. Esse é um importante sinal de que você está trabalhando muito bem na formação da sua equipe”.

Penso ser pouco inteligente julgar insubstituível, pensando não existir nenhum outro, à altura, para uma sucessão. Não existe bom que não possa ser ainda melhor!  Sendo assim, a saída é promover o desenvolvimento de outros, criando um projeto de sucessão, observando os vocacionados, evitando assim, o nepotismo eclesiástico – acredito que ministério é chamado, não meio de vida. Sacerdócio não é hereditário!

Sobre sucessão, são coesas as palavras do pastor Miguel Piper : Se um pastor esperar até adoecer ou morrer, ou até o rebanho estar definhando, para abrir espaço a um sucessor, ele pode bem deixar cair o bastão geracional de seu ministério. Comecei como feto, nasci bebê e, desde então, já experimentei muitas transições. Passei de solteiro a casado e de pai a avô até chegar ao ponto em que estou hoje: alguém que é jovem há muito tempo! Minha fé é que Jesus voltará, e serei “transformado num abrir e fechar de olhos” para ser semelhante a ele na sua vinda. Aleluia! Terry e eu fizemos a transição na Comunidade Cristã de Curitiba, passando o nosso bastão como pastores seniores a um querido casal de pastores, Luiz e Eliane Magalhães, que havíamos discipulado e acompanhado por vários anos. Entregamos o encargo oficialmente a eles no dia 2 de dezembro de 2011. Fui despertado por Deus para iniciar o processo em 2009, durante a transição de um pastor amigo que estava com 79 anos. Ouvi alguém falar enquanto estava lá: “Ele esperou demais”. Na mesma hora, eu disse comigo mesmo: “Não quero esperar demais”. Logo em seguida, Pra. Terry e eu começamos a orar, a adquirir alguns livros e a entrevistar líderes de nossa confiança sobre a transição deles. Tínhamos filhos naturais e espirituais que poderiam perfeitamente ser nossos sucessores. Porém, qual deles seria a escolha de Deus? Oração e convicção da vontade de Deus são chaves nesses momentos. Somos muito gratos a Deus por ter-nos ajudado a fazer uma transição tranquila e bem-sucedida.

Entendo que o maior desafio é entregar o Bastão sem deixar cair. É desafiador, pois, o bastão deve ser entregue durante a corrida, os dois devem seguir juntos, seguros no mesmo bastão, até que o sucessor consiga seguir só.

Acima de tudo, honre aquele que lhe entregou o Bastão!

Luzimar Vieira

Pastor e Psicólogo 

domingo, 12 de novembro de 2017

O Pastor a Igreja e o Burnout

A sociedade tem adotado um estilo de vida extremamente consumista, um modelo que inclusive, tem colocado o sujeito numa condição de desafiado a parecer ser; para Casadore e Hashimoto (2012) a sociedade atual está saindo de um extremo para o outro, de um estado de rejeição pelo novo, para o desprezo aos vínculos e costumes duradouros. É nessa busca insaciável que o indivíduo é agredido pelo estresse, que é um conflito, advindo de pressões e aflições que resultam em desequilíbrios emocionais. O modo que o sujeito se relaciona com suas atividades laborais e as condições adversas das relações de trabalho podem levar o indivíduo ao adoecimento, e até à morte.
O Ministério da Saúde classifica, como uma das doenças do trabalho, a Síndrome de Burnout ou Síndrome do esgotamento profissional (BRASIL, 2001); ela “afeta, principalmente, profissionais da área de serviços ou cuidadores, quando em contato direto com os usuários, como trabalhadores da educação, da saúde, policiais, assistentes sociais, agentes penitenciários, professores e outros” (BRASIL, 2001, p. 192).  Assim sendo, Burnout, que um resultado do estresse, é uma síndrome que atinge pessoas que atuam em atividades relacionadas com a pressão do público.
Burn – out”, do inglês, de um modo simplificado é um tipo de falta de força para continuar funcionando. O pastor, líder religioso, trabalhador, cuidador comportamental e espiritual é também um conselheiro dos indivíduos que frequentam as reuniões religiosas. Os indivíduos aconselhados pelo pastor são vítimas deste mau - estar moderno chamado estresse, que demandam atenção, quase que em tempo incondicional, o que possibilita tornar o conselheiro um sujeito vulnerável à Síndrome de Burnout, devido às inúmeras exigências na atividade pastoral e em suas condições estressoras.
Entender que ao homem é inerente fragilidades e limitações torna-se um avanço para lidar com os diversos conflitos do cotidiano. Entretanto, para o líder espiritual, provavelmente não seja fácil transitar entre assuntos e costumes do universo social e, ao mesmo tempo, o espiritual. Ainda há barreiras por parte dos religiosos ao relacionarem causas de sofrimentos, sobretudo, os psicopatológicos a questões emocionais. Diversos cristãos tendem a atribuir doenças ao pecado ou à falta de fé no sagrado, atitudes estas que impedem os tratamentos. Entre a fé religiosa e a vida cotidiana, há uma lacuna, às vezes, não percebida com facilidade pelos que de fato praticam religião. Portanto, espero poder auxiliar pastores, líderes e conselheiros religiosos, na compreensão de que, apesar da prática constante de uma fé espiritual, o homem ainda assim, está sujeito a sofrimentos psicológicos manifestos em seu cotidiano. 
Atualmente o estresse pode afetar, com maior ou menor intensidade, todo e qualquer indivíduo. O anseio para resolver as adversidades, até mesmo àquelas inerentes à existência humana, tornam-se desafios que o indivíduo nem sempre terá êxito e, portanto, passa a padecer em um estado de estresse.  Desse jeito, um indivíduo que outrora se envolvia com intensidade nas atividades e, atualmente demonstra desmotivado, sem vigor e irritado, é provável que esteja acometido pela Síndrome de Burnout (CARLOTTO, 2011). Pessoas com Burnout “[...] se sentem infelizes e insatisfeitas com seu desenvolvimento profissional, e experimentam um declínio no sentimento de competência e êxito no trabalho.” (CARLOTTO, 2011, p. 8).
O pastor é o indivíduo que cuida de rebanhos ou líder que cuida da igreja. Deste modo, o pastor é um indivíduo que trabalha na gerência de Igrejas, que têm como membros religiosos de origem evangélica. Há ainda um agravante, pois, aliado à fé particular, o pastor deve possuir a convicção de sua vocação para o exercício sacerdotal aliado a outras habilidades, por exemplo: bom estilo de liderança, capacidade de se relacionar com todos, postura ética ante a sociedade e ante as pessoas de seu pastoreio, e também, oratória adequada e destreza para o aconselhamento familiar. Portanto, dentro do aspecto simbólico de pastor e rebanho, há uma realidade intrínseca, a necessidade de cuidar, proteger, dar abrigo e bons exemplos aos fiéis de sua comunidade e a tantos quantos o solicitar. Dessa forma, o líder eclesiástico, além da ausência do reconhecimento das pessoas, deve lidar com os mais diversos conflitos que afligem a humanidade, especialmente, conflitos dos membros de sua comunidade. Apesar de a igreja ser um ambiente de espiritualidade e fé, problemas dos mais variados podem ocorrer com os religiosos que ali convivem. Sendo assim, vale ressaltar que ambiente com relações interpessoais conflituosas e ingratas e, agenda de atividades desorganizadas torna-se um gerador de doenças emocionais.  Pesquisas afirmam que o excesso de dedicação do pastor, muitas vezes não retribuída, causa a sensação de desvalorização. O Burnout é uma Síndrome que faz o indivíduo perder o sentido da sua relação com o trabalho e sente como se as coisas já não tivesse mais importância. Como qualquer trabalhador comum, a atividade e as habilidades do pastor são avaliados e, exigidas, pela sociedade uma máxima 'perfeição', inclusive no que se refere ao comportamento ético, postura, costumes e teologias. 
Diante dos riscos de adoecimento, torna-se necessário uma atitude preventiva, sendo assim, o pastor deve ser despertado para a realidade do mundo onde existimos, um universo povoado por seres sedentos, sobretudo insaciáveis, de respostas. Psicoterapeutas relatam que líderes religiosos trazem diversas queixas, sendo uma das mais frequentes, a de ter que ser forte e pacífico quando, no entanto, estão em tormentos e debilitados. Para o pastor, aceitar que ao homem está inerente à fragilidade e a limitação, poderá ser um grande salto para lidar com seus próprios conflitos emocionais.

Luzimar Vieira

Pastor e Psicólogo

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

O falador


PALRADOR

Palavra tão pouco escrita e, raramente pronunciada. Contudo, como outras várias palavras pouco comum, PALRADOR também está na Bíblia.

‘PALRADOR’ expressão, para mim, de pronuncia estranha vem do Latim - PARLARE - que é o mesmo que “falar”, encontra-se nos provérbios de Salomão.
( O sábio de coração aceita os mandamentos, mas o louco palrador será transtornado; Pv.10:8). Revista e Corrigida.

Sendo assim, convém nossa reflexão de hoje: PALRADOR ou falador é um tipo de comportamento do indivíduo que julga-se o mais sábio, no entanto , sempre proferindo palavras ferinas com opiniões e pontos de vistas exacerbados que quase sempre devasta e não constrói . O PALRADOR é o ultimo a dar a palavra sobre qualquer coisa.

Sobre o PALRADOR afirmou Matthew Henry:
“Aqueles que falam muito raramente olham para seus próprios pés, e, por isso, tropeçam e caem transtornados”.

domingo, 5 de março de 2017

Reflexão: Política e cultura do filho único

Há décadas a China, devido ao aumento populacional , viveu a imposição da “política do filho único”.  Preocupados com os impactos negativos gerados nas famílias e  na sociedade, recentemente, aboliu essa prática e, hoje, lutam para estimular  a política do segundo filho.

No Brasil , diversos casais têm adotado a cultura do “filho único”; entretanto, a exemplo da China,  há a preocupação sobre o futuro da sociedade, por exemplo, o envelhecimento da população contra a baixa natalidade, sendo assim, quem vai sustentar os inúmeros idosos e aposentados?  Outra preocupação é os individualismos radicados em muitas crianças e adolescentes  filhos únicos ; há criança que assume, talvez inconscientemente, a posição de “pequenos imperadores” na família, passa a viver num ambiente de superproteção por parte dos pais, comportamento que pode desencadear no indivíduo: fragilidades, timidez, opressão e agressividade; pela ausência de alteridade .

A falta de alteridade no indivíduo dificulta o ‘compartilhar’ gerando inúmeras   barreiras nos relacionamentos interpessoais,  dentre eles, o desenvolvimento de parcerias, a falta de habilidades para lidar com elogios e críticas, a incapacidade para admitir os ‘nãos’ e derrotas que também são inerentes à vida em sociedade.   Enfim, há também outro risco , o de todas as expectativas dos pais serem colocadas em um único sujeito, provocando no filho sofrimentos por não suportar toda essa pressão.

Para concluir, penso que talvez sejam necessários os casais se permitirem  e, juntos, procurar  no mínimo o segundo filho, pois, vivemos em uma sociedade com elevada expectativa de vida, sobretudo,  solitária e com fortes tendências ao individualismo.

 Luzimar Vieira/ pastor e Psicólogo Clínico


domingo, 29 de janeiro de 2017

POR QUE PESSOAS SOFREM TANTO ?




Essa é a pergunta que não se cala !

A dor é um estado físico do nosso corpo, todos estão sujeitos a sofrer algum tipo de dor, seja física, ou na alma - às vezes passamos por  lutas e desertos.

Mas afinal, por que sofremos?  

  • O desfavorecido sofre porque que não tem os recursos financeiros que deseja e acredita que se tivesse, sua vida seria diferente; acontece que o rico cheio de recursos financeiros também sofre. 
  • Os jovens sofrem porque não encontraram ainda o grande amor de sua vida, mas existem muitos que encontram e, também sofrem, brigam e se separam ou apenas vão convivendo.
  •  Muitos sofrem por estar doentes, mas muitos estão saudáveis e também sofrem com o medo de ficar doentes ou  motivos outros.
  •  O estudante sofre porque quer passar no vestibular, e, depois que passa, continua sofrendo para se formar e, depois que se forma, sofre para conseguir um emprego e depois continua sofrendo para mantê-lo.

São Pais que sofrem pelos filhos e filhos que sofrem pelos Pais. A humanidade Sofre por depressão, ansiedade, medo, dúvidas, desgosto, desprezo, solidão etc..
 Apesar de sermos criados à imagem e semelhança de Deus, somos imperfeitos, ainda estamos na oficina do Criador, precisamos lidar com a nossa finitude todos os dias e, o fato de imaginar o fim pode causar ao homem dores horríveis.


Por que muitos sofrem tanto?

Causas mais comum de sofrimentos:

  •       Sobra enrijecimento emocional e falta resiliência;
  •      Sobram contendas e faltam habilidades de relacionamento entre os diferentes;
  •      Sobra inteligência e falta sabedoria;
  •      Sobra virtualidade e falta presença, falta o real;
  •      Sobra amargura e falta gentileza e bálsamo;

 Friedrich Nietzche, filósofo alemão, dizia: "O que não mata deixa mais forte".

 Crescemos com as experiências e, podemos romper barreiras com a maturidade –, não me refiro à maturidade resultante da quantidade de aniversários, mas produto de experiências vividas.


Sofra menos!